Rio de Janeiro - Brasil

domingo, 4 de outubro de 2015

Cocô de baleia pode valer milhares de dólares.

Quem caminha por uma praia pode encontrar várias coisas na areia, entre elas algo que parece uma pedra, mas na verdade é matéria fecal que pode valer milhares de dólares.
É o âmbar cinza, um nome mais elegante que designa um certo tipo de materia fecal das baleias cachalote e que algumas pessoas confundem com vômito da baleia.

Há séculos o âmbar cinza é considerado um produto de luxo: já foi usado em cerimônias religiosas, ou como afrodisíaco no Oriente Médio, ou como produto culinário fino na China e como ingrediente em poções medicinais tradicionais. Mas atualmente a substância é usada principalmente pela indústria de perfumes.

"O âmbar cinza tem um aroma muito particular", disse à BBC Mundo Dom Devetta, fundador da empresa de perfumes britânica Shay & Blue.

"Seu aroma é intenso, doce, animal. Acrescenta uma capa dentro da fragrância que dá um toque de paixão, sensualidade, sexualidade e isto é algo muito difícil de conseguir."

"Também ajuda o perfume a permanecer mais tempo na pele, mas, como qualquer outro aroma, não é para todo mundo", acrescentou Devetta.

Na semana passada, um pedaço de âmbar cinza( coco de baleia) foi encontrado por um homem em uma praia britânica e foi leiloado por cerca de US$ 17 mil (R$ 67 mil).
Christopher Kemp, autor do livro “Ouro flutuante: uma história natural (e pouco natural) do âmbar cinza”, disse à BBC Mundo que o valor exorbitante se deve a uma série de fatores.

"É escasso, tem propriedades muito diferentes - como a de estabilizar as fragâncias - e é impossível fabricá-lo em laboratório", afirmou.

E não foi por falta de tentativa: já foram criadas versões de laboratório, mas elas ficam muito longe da qualidade do original.

"É como escutar aos Beatles ou a uma banda que interpreta uma música dos Beatles. Soam igual, de alguma forma, mas definitivamente falta uma certa qualidade impossível de definir", afirmou.

O produto é raro pois, a princípio, o âmbar cinza só é produzido por uma parte muito pequena da população de cachalotes, cerca de 1%, e em circunstâncias particulares.

"O âmbar cinza é um tipo de matéria fecal. Pelo menos é gerado no mesmo lugar que os excrementos e é expulso também pelo mesmo lugar. É um produto de um problema intestinal que alguns cachalotes têm", afirmou.

Normalmente as cachalotes se alimentam quase exclusivamente de lulas. Em um dia, podem chegar a ingerir até uma tonelada.

As partes duras destes moluscos, que não podem ser digeridas, são regurgitadas pela boca.
Mas, em alguns casos, estes pedaços continuam a percorrer o sistema digestivo e irritam o estômago e o intestino delgado da cachalote.

O intestino produz uma secreção gordurosa, rica em colesterol para cobrir este pedaços e atenuar o dano provocado no sistema digestivo do animal - e essas secreções ficam boiando no mar.

Com o passar do tempo - anos e décadas, até - e, à medida que as correntes marítimas empurram a substância para vários lugares, ela vai se solidificando e adquirindo uma fragância particular. Até que as ondas a levem de volta para a praia.

Quanto mais tempo passar no mar, mais refinado e complexo será seu aroma e mais alto será o seu valor.

Fonte: BBC Brasil


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