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domingo, 8 de janeiro de 2012

Garotos de programa brasileiros são maioria em saunas na Espanha, diz ONG


Jovens brasileiros dominam o mercado de prostituição masculina na Espanha, especialmente nas saunas gays de cidades como Madri, Barcelona e Ibiza, segundo uma pesquisa de uma ONG espanhola divulgada no início deste mês.
De acordo com o relatório do Coletivo de Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais de Madri (Cogam), a prostituição masculina triplicou desde 2007, início da crise financeira que atinge o país.
O documento afirma também que há diferenças nos esquemas de trabalho entre homens e mulheres estrangeiros que exercem a prostituição no país.
Ao contrário da maioria das mulheres, que muitas vezes são vítimas de quadrilhas de tráfico de pessoas e chegam ao país enganadas por falsas promessas de trabalho, em geral, estes homens já têm a intenção de trabalhar no setor e dispensam intermediários.
Cerca de 85% deles se definem como heterossexuais.
"Constatamos um aumento significativo de brasileiros dedicando-se à prostituição na Espanha", disse à BBC Brasil um porta-voz da polícia espanhola.
"Mas como exercer a prostituição não é delito, não atuamos. A polícia só intervém quando se trata de uma quadrilha que obrigue as pessoas a se prostituir contra sua vontade. Temos inúmeros exemplos assim com mulheres brasileiras, mas com homens só uma vez, por enquanto.", completou.
Em 2010, a polícia da Espanha capturou uma quadrilha que explorava a prostituição masculina e mantinha garotos de programa brasileiros em regime de cárcere privado.
Rotina de trabalho
De acordo com o Cogam, os locais de trabalho dos homens são divididos por nacionalidades - africanos (marroquinos, em sua maioria) e europeus do leste (romenos, russos e búlgaros) oferecem serviços nas ruas e os brasileiros controlam as saunas.
Nestas saunas, os homens que se prostituem pagam por dia para dormir em colchonetes ou mesas de massagens quando há poucos clientes.
"Eles sentem repugnância pelo contato físico e, para poder evadir-se e manter a libido em condições de trabalho, apelam para o consumo de drogas."
Jesus Bardo, psicólogo
"Cerca de 30% deles é menor de 20 anos. Isso nós comprovamos, mas sabemos que a maioria mente sobre idade porque os clientes querem rapazes cada vez mais jovens", disse à BBC Brasil a assistente social da Cruz Vermelha, Maria de Mar García, que investiga o setor e colaborou na elaboração do relatório.
Depressão
O relatório afirma ainda que é grande o número de casos de depressão e tendência ao suicídio entre os homens que trabalham nas saunas gays.
De acordo com especialistas, fatores como a quantidade de horas passadas em espaços sob luz quase inexistente, calor frequente e conflitos pessoais contribuem para uma síndrome que eles chamam de "bomba-relógio".
"(Eles) sentem repugnância pelo contato físico e, para poder evadir-se e manter a libido em condições de trabalho, apelam para o consumo de drogas. Quando o efeito passa, se envergonham e se maltratam emocionalmente. Dizem que suas famílias lhes repudiariam se vissem o que fazem", afirmou à BBC Brasil o psicólogo Jesus Bardo, um dos autores do documento.
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