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domingo, 24 de abril de 2016

O drama das 61 milhões de crianças que crescem sem seus pais na China



São, ao todo, mais de 60 milhões de meninos e meninas.

Conhecidas como crianças "deixadas para trás", elas não foram abandonadas. Mas foram deixadas sob os cuidados de familiares, geralmente avós, porque os pais trocaram os campos pelas cidades. No entanto, nem todas têm a mesma sorte.

A BBC visitou umas das regiões mais remotas da China.

Ali vivem Tao Lan, de 14 anos, e seu irmão menor. Além de ajudá-lo com seu dever de casa, a adolescente se encarrega das tarefas domésticas e de cultivar uma parte dos alimentos que consome, pois os dois vivem sozinhos.

Os pais moram em outra parte da China e vão visitá-los uma vez por ano.

Questionada pela BBC sobre a dificuldade de viver longe dos pais, Lan diz não querer preocupá-los. "Não posso contar a eles sobre os meus problemas porque minha mãe e meu pai levam uma vida dura. Não quero que eles se preocupem por mim." Em seguida, a menina começa a chorar.

Em algumas escolas, até 80% dos alunos crescem sem ter os pais ao lado.

Após registrar um crescimento econômico de dois dígitos, a China se expandiu graças ao aporte à saída de milhões de trabalhadores em direção às zonas urbanas.

Mas foram as crianças quem pagaram o preço dessa transição, dizem especialistas.

Trata-se de um problema social que o Partido Comunista fez pouco para solucionar. E que começou após a dramática transformação da China que deixou seu passado agrário para abraçar um presente industrial.

A reportagem da BBC visitou outro lugar na zona rural, onde moram Tang Yuwen, de 11 anos, seu irmão, dois primos e sua avó.

"Meus pais não moram conosco. Trabalham em outra cidade, em fábricas costurando roupa. Sei que eles trabalham duro para ganhar dinheiro, mas sinto muita saudade deles. É muito doloroso", disse o menino.

Na fábrica, o pai de Yuwen está sentado em frente a uma máquina de costura. Apesar de anos trabalhando na linha de produção, é quase impossível que ele deixe o status oficial de imigrante dentro de seu próprio país.

Assim como milhões de crianças, seus filhos não podem frequentar as aulas das escolas na localidade onde ele e sua mulher trabalham.

Enquanto almoçam, a reportagem da BBC lhes mostrou a entrevista que havia feito com o filho deles, a vários quilômetros de distância.

Fonte: BBC

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