Por Leonardo De Cosmo -
Os traços mais antigos de formas de vida na Terra foram descobertos no Canadá.
Tratam-se de microrganismos que viveram há 3,8 bilhões de anos e próximo às
fontes hidrotermais. Os resultados das análises feitas pelo biogeoquímico
Matthew Dodd, da
Universidade College de Londres, foram publicados na revista Nature.
A descoberta pode ser um sinal dos primeiríssimos seres vivos que surgiram no
planeta.
As marcas dos antigos
seres vivos foram reconhecidas nas rochas de Nuvvuagittuq, em Quebec, no Canadá,
e já eram conhecidos por estarem entre as mais antigas do planeta. Além disso,
seriam a prova indiscutível da existência de atividade biológica de ao menos
3,8 bilhões de anos atrás.
As análises
identificaram estruturas tubulares e filamentos compostos por óxidos de ferro,
muito parecidos com aqueles que podem ser encontrados ainda hoje nas
proximidades das fontes hidrotermais oceânicas. Eles teriam sido formados por
microrganismos que estavam aprisionados em camadas de quartzo.
A descoberta ainda dá
sustento às hipóteses de que a vida tenha sido desenvolvida nas fontes termais
oceânicas nas proximidades de "caminhos" de água muito quentes,
parecidos com aqueles existentes ainda hoje e que alimentam comunidades de
seres vivos "extremos".
Até agora, da
existência de formas de vida antigas, tinham sido encontrados apenas traços de
estromatólitos, verdadeiras rochas formadas de sedimentos produzidos também por
antigas bactérias ou algas microscópicas. Nem todos os cientistas concordavam
sobre sua origem biológica.
"A descoberta foi
feita sobre algumas das amostras de rochas mais antigas que se tem
conhecimento, e a datagem dos restos poderiam ser ainda mais velhas, de até 4,2
bilhões de anos", explicou o geólogo Carlo Doglioni, da Universidade
Sapienza de Roma e presidente do Instituto Nacional de Geologia e Vulcanologia
(INGV).
Os mesmos ambientes nos
quais esses antigos organismos teriam sido desenvolvidos podem ter existido
também em Marte, há milhões de anos, e podem ser ativos ainda hoje também nos
oceanos da Europa e no satélite Encélado.
"Por isso também
fica interessante estudar as fontes hidrotermais, e quem sabe não seja possível
encontrar moléculas que tiveram papel importante para o nascimento da vida e
que seja possível, hoje, serem usadas também pela medicina", disse o
biólogo Carlo Alberto Redi, da Universidade de Pávia.
Fonte: Terra
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