Conhecidos como
violentos e proibidos em países como Grã-Bretanha e Dinamarca e até no Estado
de Santa Catarina, cães da raça pitbull foram usados na repressão ao protesto
de professores no centro de Curitiba, capital paranaense, na tarde da última
quarta-feira.
Um dos cães utilizados
pela Polícia Militar do Paraná aparece em imagens de televisão mordendo um
cinegrafista da Band durante o protesto que, segundo autoridades locais,
terminou com ao menos 170 feridos (150 manifestantes e 20 policiais).
Os professores
protestavam contra um projeto que muda o sistema de previdência dos servidores.
Após romperem um cerco policial no entorno da Assembleia Legislativa, onde a
medida estava sendo votada, foram reprimidos pelos agentes com bombas de gás
lacrimogêneo, balas de borracha e cães, entre eles pitbulls.
Segundo o tenente
Kleber Pioversan, do Canil Central da PM paranaense, o motivo do ataque de
Steven – o nome do pitbull - não foi o instinto violento do cão. Ele disse que
o profissional "atropelou" o cachorro, que reagiu.
"A raça tem esse
paradigma de que é violento, mas é um cão criado para o trabalho. Tem força,
personalidade forte, mas você precisa dar treinamento e educação para que
obedeça e não aja por conta própria", diz.
Segundo ele, a fama de
violência ocorre porque muitas pessoas não têm cuidado e treinamento e perdem o
controle sobre o animal.
Pioverzan disse que o
pitbull envolvido no incidente largou a perna do cinegrafista ao receber um
comando e que, na verdade, ele é dócil, e que participa, inclusive, de
apresentações com crianças.
Para Paulo Storani, que
foi capitão do Bope no Rio de Janeiro entre 1994 1999, o uso de cães da raça
pitbull é inédito em forças policiais brasileiras.
"Até onde tenho
conhecimento da minha experiência como policial, nunca ouvi relatos de
utilização de cães desta raça nas polícias do país. De forma geral, nos
adestramentos e treinamentos, é condição primordial que o cão seja submisso ao
policial, ao condutor. A raça deve obedecer a comandos. No caso do pitbull,
isso é algo muito limitado e imprevisível, dado o histórico violento deste tipo
de cão", avalia
Storani - que também é
mestre em Antropologia e professor do Instituto de Políticas Públicas e
Ciências Policiais da Universidade Cândido Mendes - explica que no Rio de
Janeiro já foram usados cães das raças rottweiler, fila brasileiro, pastor
alemão e que atualmente o mais usado é o pastor de malinois, de origem
francesa.
"Também são raças
agressivas, mas a diferença é que respondem aos comandos dos policiais",
diz.
Ele explica que em uma
situação de grande estresse, como uma grande manifestação, a pressão sobre o
cão aumenta consideravelmente, e o controle do policial sobre o animal é
crucial até para que ele não ataque os próprios agentes.
Fonte: BBC Brasil
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