Rio de Janeiro - Brasil

sábado, 2 de maio de 2015

Uso de pitbulls por PM do Paraná é considerado 'inadequado' por especialistas



Conhecidos como violentos e proibidos em países como Grã-Bretanha e Dinamarca e até no Estado de Santa Catarina, cães da raça pitbull foram usados na repressão ao protesto de professores no centro de Curitiba, capital paranaense, na tarde da última quarta-feira.

Um dos cães utilizados pela Polícia Militar do Paraná aparece em imagens de televisão mordendo um cinegrafista da Band durante o protesto que, segundo autoridades locais, terminou com ao menos 170 feridos (150 manifestantes e 20 policiais).

Os professores protestavam contra um projeto que muda o sistema de previdência dos servidores. Após romperem um cerco policial no entorno da Assembleia Legislativa, onde a medida estava sendo votada, foram reprimidos pelos agentes com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e cães, entre eles pitbulls.

Segundo o tenente Kleber Pioversan, do Canil Central da PM paranaense, o motivo do ataque de Steven – o nome do pitbull - não foi o instinto violento do cão. Ele disse que o profissional "atropelou" o cachorro, que reagiu.

"A raça tem esse paradigma de que é violento, mas é um cão criado para o trabalho. Tem força, personalidade forte, mas você precisa dar treinamento e educação para que obedeça e não aja por conta própria", diz.

Segundo ele, a fama de violência ocorre porque muitas pessoas não têm cuidado e treinamento e perdem o controle sobre o animal.

Pioverzan disse que o pitbull envolvido no incidente largou a perna do cinegrafista ao receber um comando e que, na verdade, ele é dócil, e que participa, inclusive, de apresentações com crianças.

Para Paulo Storani, que foi capitão do Bope no Rio de Janeiro entre 1994 1999, o uso de cães da raça pitbull é inédito em forças policiais brasileiras.

"Até onde tenho conhecimento da minha experiência como policial, nunca ouvi relatos de utilização de cães desta raça nas polícias do país. De forma geral, nos adestramentos e treinamentos, é condição primordial que o cão seja submisso ao policial, ao condutor. A raça deve obedecer a comandos. No caso do pitbull, isso é algo muito limitado e imprevisível, dado o histórico violento deste tipo de cão", avalia

Storani - que também é mestre em Antropologia e professor do Instituto de Políticas Públicas e Ciências Policiais da Universidade Cândido Mendes - explica que no Rio de Janeiro já foram usados cães das raças rottweiler, fila brasileiro, pastor alemão e que atualmente o mais usado é o pastor de malinois, de origem francesa.

"Também são raças agressivas, mas a diferença é que respondem aos comandos dos policiais", diz.

Ele explica que em uma situação de grande estresse, como uma grande manifestação, a pressão sobre o cão aumenta consideravelmente, e o controle do policial sobre o animal é crucial até para que ele não ataque os próprios agentes.

Fonte: BBC Brasil


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