O Brasil é líder
mundial em números absolutos de homicídios e ocupa o 11º lugar do ranking
considerando o índice de assassinatos a cada 100 mil habitantes. Com 56.337
homicídios ocorridos em 2012, o país registrou 29 mortes violentas a cada 100
mil habitantes, número quase cinco vezes maior do que o índice mundial (6,2).
As estatísticas fazem parte do Observatório de Homicídios, plataforma de
visualização de dados online lançada nesta quinta-feira, 7, pelo Instituto
Igarapé, organização sem fins lucrativos com sede no Rio de Janeiro.
Por meio de um globo
tridimensional, o site reúne informações de 215 países e territórios, entre os
anos de 2000 e 2012. Honduras (85,5), Venezuela (53,7), Ilhas Virgens
Americanas (52,6), Belize (44,7) e Jamaica (40,6) lideram o ranking global com
os maiores índices de homicídios para cada 100 mil habitantes. Em números
absolutos de assassinatos, atrás do Brasil aparecem Índia (43.355), Nigéria
(33.817), México (25.967) e República Democrática do Congo (18.586).
Para 39 países da
América Latina e do Caribe, a ferramenta também exibe dados discriminados para
cada estado e para cidades com mais de 250 mil habitantes. Entre as 50 cidades
com maiores índices de homicídios na região, 22 estão no Brasil, incluindo
capitais como Maceió (AL), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB) e Salvador (BA).
“Temos cidades que
alcançaram níveis estapafúrdios, com taxas de homicídios superiores às
registradas em zonas de conflito. É sinal de que há algo errado e que algo
precisa ser feito”, disse Renata Giannini, pesquisadora do Igarapé e
coordenadora do projeto.
No Brasil, a cidade que
lidera o ranking de homicídios é Ananindeua, a 19 quilômetros de Belém, no
Pará, com 125,6 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Em segundo lugar
aparece Maceió (AL) com índice de homicídios de 89,9, seguida por Serra (ES)
com 89,4, Camaçari (BA) com 81,8 e Fortaleza (CE) com 76,8. O Rio de Janeiro
ficou na 71ª posição e São Paulo na 88ª.
Alagoas é o estado com
maior índice de homicídios, com 64 assassinatos a cada 100 mil habitantes,
enquanto Santa Catarina tem o menor índice (12,8).
Embora tenha apenas 8%
da população mundial, a América Latina e o Caribe concentram 33% do número de
homicídios globais. Para cada cinco pessoas assassinadas no mundo, uma era
brasileira, colombiana, mexicana ou venezuelana. “Há uma curva ascendente nos
homicídios na América Latina, enquanto no restante do mundo os números vêm
caindo. De fato passamos por uma epidemia de violência global”, afirmou Renata.
Os números, no entanto,
não consideram mortes diretamente relacionadas com operações militares,
conflitos armados ou guerras, seguindo o critério adotado pelo Escritório das
Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC).
Para os países em que
há dados disponíveis, o Observatório de Homicídios também informa estatísticas
sobre o gênero e idade das vítimas, além da arma utilizada no assassinato. No
Brasil, aproximadamente 92% das vítimas eram homens e 54% tinham entre 15 e 29
anos, sendo o homicídio a principal causa de mortes entre pessoas nessa faixa
etária. Em todo o mundo, foram registrados 437 mil homicídios em 2012, sendo
78,7% das vítimas homens.
Em nota, a secretária
nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Regina Miki, afirmou
que “ações como essa ajudam os governos na sensibilização sobre o tema e na
formulação de políticas públicas. A redução de homicídios é prioridade para a
União, especialmente nas ações de segurança pública”.
Fundado em 2008, o
Instituto Igarapé atua nas áreas de segurança, política sobre drogas e
cooperação internacional. A principal fonte de dados utilizada no
desenvolvimento do Observatório de Homicídios foi o Escritório das Nações
Unidas para Drogas e Crime (UNODC), além dos governos e organizações não
governamentais locais.
Fonte: Meio Norte
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