A China superou os
Estados Unidos ao ultrapassar as relações comerciais no último mês de novembro.
Enquanto o país do Oriente alcançou a marca de US$ 4,16 trilhões (R$ 9,9 tri)
entre importações e exportações, os Estados Unidos computaram US$ 3,5 trilhões
(R$ 8,3 tri), tornando o país asiático a maior potência comercial do planeta,
segundo dados divulgados ontem pelo Serviço Alfandegário chinês.
Os intercâmbios
comerciais da China aumentaram 7,6% em relação a 2012, o que significa que 10%
de todo o comércio mundial de mercadorias têm destino ou origem no país do
Oriente — há uma década essa percentual era de 5%. Em todo o ano passado, as
exportações da então segunda maior economia mundial cresceram 7,9%, para US$
2,2 trilhões, (R$ 5,2 tri) e as importações 7,3%, para US$ 1,9 trilhão (R$ 4,5
tri), conforme o Serviço Alfandegário da China.
Estes são os melhores
resultados da história e confirmam um giro geoeconômico, tornando o país a
maior potência comercial do mundo de bens, excluindo os serviços. De acordo com
indicadores de fevereiro passado, a China já teria alcançado a posição dos
Estados Unidos em 2013, mas as alfândegas disseram que, devido ao uso de
diferentes métodos para calcular, a mudança ocorreu pela primeira vez agora,
embora os resultados finais americanos ainda não tenham sido publicados.
Sem hegemonia
Professor de Relações
Internacionais e PhD em Direito Internacional, Líer Pires Ferreira acredita que
os Estados Unidos continuarão como a maior potência mundial até meados do
século 21, em função da sua presença e importância em todos os segmentos
sociais: esportes, tecnologia, artes, economia, entre outros.
No entanto, segundo o
professor do Iuperj, os norte-americanos não terão mais hegemonia de potência global,
como aconteceu na última metade do século 20. “Aquele momento ocorreu
dentro de um contexto muito específico, com a forte presença americana no
pós-guerra, a decadência da então União Soviética e a retração da Europa”,
explica.
Pires considera muito
interessantes os dados da economia mundial, colocando a China à frente dos
Estados Unidos. Segundo ele, essa relação já vinha se desenvolvendo de forma
crescente nos últimos anos, desde que o país do Oriente resolveu se abrir — a
partir da década de 1980 — para o mundo e para atividades ditas de consumo.
“A China protagoniza
forte crescimento econômico nos últimos anos, principalmente pela enorme massa
populacional. Isso faz com que o país tenha inúmeros desafios, mas um número
infinito de oportunidades”, diz.
Carros chineses enfrentam cenário hostil no Brasil
Há quatro anos, quem
acompanhou a entrada das montadoras da China no país possivelmente não esperava
que o barulho fosse durar tão pouco. Para as chinesas, 2011 foi um ano muito
especial, de alta nos emplacamentos e ganhos de participação de mercado. Mas de
lá para cá, as vendas só caíram.
A Jac Motors, que
contou com nada menos que o apresentador Fausto Silva como garoto-propaganda,
passou de emplacamentos de 23.747 unidades em 2011 para 15.974 carros em 2013 —
uma redução de 32,7% em dois anos, segundo a Fenabrave (Federação Nacional da
Distribuição de Veículos Automotores).
A Chery, que chegou com
menos alarde, emplacou 21.682 veículos em 2011 e não passou das 8.067 unidades
no ano passado — uma redução de 62,8%. O fato é que se 2013 não foi dos
melhores anos para a indústria automotiva, para os importados a situação ficou bem
mais feia.
No período, a queda nas vendas foi de 10,3%, segundo levantamento
anual da Associação Nacional dos Fabricantes Veículos Automotores (Anfavea) —
resultado bem diferente das montadoras nacionais, que encerraram o ano com 1,5%
a mais de veículos licenciados frente a 2012.
Brasil pode ser
fornecedor de alimentos
Para o professor do
Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) Líer Pires
Ferreira, além da massa populacional, o crescimento exponencial da China
deve-se a opção pela Educação. Segundo ele, o país é hoje o maior
exportador de alunos de Nível Superior para os
Estados Unidos e Europa.
O domínio comercial da
China, segundo o especialista, terá reflexos positivos no Brasil, já que, por
meio da agropecuária, poderemos ser um fornecedor global de alimentos. Contudo,
para o especialista, o desafio brasileiro é a base do processo econômico, que
se repete há 500 anos.
“É inegável que o
Brasil vem se desenvolvendo, mas o modelo é sempre o mesmo. Se quiser mudar a
sua presença geopolítica no mundo, é necessário dar um salto qualitativo que só
ocorrerá por meio da Educação”, aponta Líer Pires. Ele ressalta que países
menores, como Coreia, Camboja e Vietnã, em menos de 40 anos apresentaram um
crescimento econômico mais consistente, porque optaram em investir na Educação
universal das crianças.
Fonte: O Dia
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