Em estudo sobre a imagem que pessoas de dentro ou de fora do Brasil têm do Rio, divulgado com exclusividade para a BBC Brasil, a pesquisadora Ana Cecília Duék constatou que a violência é apontada como principal atributo negativo da cidade em 68% dos casos.
Porém, o problema se mostrou uma preocupação mais frequente entre os brasileiros. Entre os turistas nacionais, 85% citaram a violência como principal problema da cidade, contra 61% dos estrangeiros consultados.
A pesquisa se baseou em entrevistas feitas pela internet a 680 pessoas de diversos países e de outras partes do Brasil.
Em uma parte do questionário onde os entrevistados deveriam citar aleatoriamente palavras que associavam ao Rio, as respostas dos brasileiros também indicaram maior preocupação com a segurança.
"Os brasileiros trouxeram muito mais respostas ligadas à violência, associando o Rio a expressões como roubo, assalto, perigo, medo", aponta Duék.
Uma explicação para a diferença de percepção seria a proximidade maior dos turistas brasileiros com os problemas da cidade. "Os brasileiros têm mais contato com a cidade através da imprensa e muitos têm conhecidos ou parentes na cidade", afirma.
"Aqui no Rio percebemos um certo otimismo, os cariocas estão se sentindo mais seguros com as UPPs. Mas os resultados da pesquisa indicam que os viajantes brasileiros e estrangeiros ainda não estão sentindo isso"
Ana Cecília Duék, pesquisadora
Para Duék, a pesquisa indica que o aumento da sensação de segurança no Rio, com a implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) em favelas e a redução de índices de criminalidade nos últimos anos, ainda é uma percepção local que não extravasou os limites da cidade.
"Aqui no Rio percebemos um certo otimismo, os cariocas estão se sentindo mais seguros com as UPPs. Mas os resultados da pesquisa indicam que os viajantes brasileiros e estrangeiros ainda não estão sentindo isso", afirma.
"A violência foi marcando a imagem do Rio ao longo do tempo, e agora vai ser preciso um bom tempo e bastante trabalho para mudar isso", considera Duék.
Visão das favelas
O estudo mostrou também que brasileiros e estrangeiros têm uma percepção diferente sobre as favelas cariocas: 60% dos brasileiros consultados veem as comunidades como um atributo negativo do Rio, enquanto apenas 37% dos estrangeiros as enxergam como um problema.
Para Duék, isso reflete diferentes olhares sobre as favelas, que podem ser vistas como comunidades carentes, regiões com cultura própria ou focos de violência e tráfico de drogas.
Os dados também indicam que uma possível melhora na imagem dessas comunidades a partir da implantação das UPPs ainda não teve efeito para além da cidade.
A pacificação de favelas como a Rocinha já é sentida pelo carioca, mas ainda não pelos turistas
O presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, Alexandre Sampaio, observa que o turismo está crescendo em algumas comunidades pacificadas e pode exercer um papel importante na consolidação de uma imagem mais positiva das favelas.
Para ele, os brasileiros tendem a ter uma visão mais negativa das favelas por associá-las a problemas do país, e geralmente não buscam conhecê-las. Já o estrangeiro a incorporou à vivência que tem da cidade.
"Acredito que o brasileiro ainda veja a favela como um retrato da desigualdade do Brasil, enquanto o estrangeiro quer conhecê-la e sai de lá encantado, porque vê que as pessoas são alegres e que o convívio é pacífico e possível", afirma.
A pesquisa, realizada pela internet entre julho e agosto deste ano, foi parte do trabalho de mestrado de Duék, feito em conjunto com a pesquisadora Maureen Ayikoru.
Dos 680 entrevistados, cerca de 30% eram brasileiros e pouco mais da metade já esteve no Rio. Os demais responderam a partir das impressões e informações que têm da cidade.
"É importante consultar pessoas que nunca estiveram aqui para saber qual é a imagem que elas têm à distância", afirma Duék, que buscava mais dados sobre a imagem que a cidade tem lá fora para desenvolver seu mestrado.
Sua dissertação foi sobre como o Rio pode explorar os megaeventos - a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 - para melhorar a sua imagem.
Entre os pontos positivos da cidade, a maioria dos entrevistados elegeu as praias, paisagens naturais, a cultura e a vida noturna, e citaram ainda o Carnaval e o Cristo Redentor como principais atrações.
"O Rio passou por anos sistemáticos de violência, seja em favelas da zona sul ou nas periferias. Isso consolidou uma imagem de violência que não é fácil de contornar"
Alexandre Sampaio, da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação
Já na lista de atributos negativos, a insegurança para turistas também teve destaque. Citado por 63% dos turistas, foi o segundo item mais votado entre os problemas da cidade - atrás da violência.
"O Rio passou por anos sistemáticos de violência, seja em favelas da zona sul ou nas periferias. Isso consolidou uma imagem de violência que não é fácil de contornar", considera Alexandre Sampaio.
Sampaio afirma que o setor turístico viu a sua pior fase nos anos 1990, quando notícias sobre tiroteios na cidade eram frequentes, levando muitos congressos e contratos a serem cancelados. "Em alguns momentos pensamos que a guerra estava perdida, que era melhor mudar de negócio", afirma.
Nos setores de hotelaria e de restaurantes, Sampaio afirma que se percebe uma melhora sensível na segurança de turistas nos últimos anos, mas mudar essa imagem vai levar tempo.
"Agora temos uma grande chance com os megaeventos que serão sediados pelo Rio. Mas será um processo demorado", acredita.
Fonte:
Opinião
Na reportagem de uma revista britânica que fala sobre o renascimento cultural do Rio que postei aqui a pouco tempo, eu já havia comentado sobre o estrago que a violência que assolou o Rio sobre tudo na década de 1990 fez com a imagem da cidade, e do Estado como um todo.
A Cidade do Rio e uma metrópole global, por isso o que ocorre aqui afeta o Estado do Rio como um todo, ate porque o Estado leva o mesmo no que a cidade que é sua capital.
Hoje mesmo com uma sensível melhora na segurança publica, o Rio ainda possui uma imagem ruim principalmente dentro do Brasil, onde muitas pessoas enxergam o Rio como uma imensa favela.
A pouco tempo na morte do filho do coreógrafo Carlinhos de Jesus, no site da Folha na parte destinada a comentários, um participante de Minas referia-se o Bairro de Realengo( onde o filho do coreografo foi morto) como uma favela. Realengo nunca foi uma favela, é um bairro, com direito a universidade e tudo mais. Na celebre musica de Jorge Bem jor, a um trecho da musica que diz: “engenho de dentro.., quem não soltar agora só, em Realengo...”
A destruição da imagem da cidade, tem por culpa, primeiro:
Os políticos "safados", que governaram o Estado, durante os anos 80 e 90, que brincavam de governar, deixaram áreas da cidade( favelas) se transformarem em verdadeiros feudos de criminosos, lugares impenetráveis, onde se moradores de favelas rivais, ou ate mesmo desavisados, se entrassem uma comunidade com camisetas da cor da facção rival, mesmo sem saber, era eliminado, ou tomava uma surra.
Muitos dos políticos que chegaram ao governo do Estado do Rio queria apenas se promover, não pensava na população que os votaram, transformavam o Rio em “ arma de guerra” contra o governo federal, o Rio era sempre oposição seja lá qual fosse o presidente.
Com isso o Rio foi deixado de lado, perdendo prestigio, turismo, industrias, afinal quem iria investir na filial de Bagdá?
Os segundos culpados foram os próprios cariocas e fluminenses que mesmo vendo o Rio de desmoronando por culpa de políticos "meia boca", ainda tinham coragem de votar nos mesmos “ caras” ou em pessoas por eles indicadas, ou seja errar uma vez tudo bem, ninguém tem “bola de cristal” para prever se o candidato votado vai cumprir o que prometeu ate porque ninguém carrega na testa a placa de “ safado”, “ vagabundo”, “ ladrão”...........
Agora errar duas, três vezes, já é pós graduação em burrice.
Os terceiros culpados, ao meu ver foram os veículos de informação, sobre tudo os sediados no Rio. Divulgar o que ocorre aqui, de bom ou ruim faz parte da liberdade de imprensa, é necessário, pois se denunciando, muitas autoridades não tomam providências, imaginem se todos se calassem.
Mas no caso em questão, muitas vezes haviam, como ainda há, exageros. Vou dar um exemplo: No caso que chocou o País onde um atirador entrou em uma escola no bairro de Realengo e matou varias crianças, lembro-me que um jornalista, do Rio que fazia a cobertura para um jornalístico da Record, ao ser perguntado pelo ancora do jornalístico se a área era perigosa, o tal jornalista disse que Realengo era uma área muito perigosa, com muitos traficantes. E ainda dava ênfase como se um desses traficantes teriam invadido a escola.
Na realidade não foi traficante nenhum que invadiu a escola, foi sim um “ retardado” que por uma ideologia maluca matou as crianças em um ato premeditado. E como já disse, Realengo não é favela, e os índices de violência não é diferente a nenhum outro bairro de uma grande cidade.
De certa forma a imprensa carioca incorporou uma forma de passar a noticia onde o que importava para passar ao Brasil era os assaltos, a trocas de tiros, coisas que se procurassem em outros lugares do País não seriam tão diferente.
As cidades em torno de Brasília não se transformaram em uma das áreas mais perigosas do Brasil da noite para o dia.
O somatório de tudo isso fez criar a imagem do Rio de cidade mais perigosa do Brasil e do mundo, e agora mesmo com os índices de criminalidade em queda, a imagem da cidade ainda se mantém “ arranhada” e como bem mostrou a matéria da BBC, levará anos de trabalho interno e externo para que essa situação possa ser revertida.
Precisará principalmente dos governantes locais em manter uma política firme contra a criminalidade, não deixando marginais reocuparem lugares já “ libertos”alcançar áreas ainda não pacificadas, buscar também investimentos, sobre tudo na industria, não se “ atrelando” a exploração de petróleo, enfim ainda há muito trabalho pela frente, mas o mais importante e olhar para frente, porque independente da imagem ruim que o Rio ainda possa ter no País, o importante é que a população do Rio, hoje acredita na policia e luta por um Rio melhor para se viver.
Uanderson
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