Cientistas da Nasa, a
agência espacial norte-americana, anunciaram nesta segunda-feira (28) uma
descoberta sem precedentes em Marte: existem provas de água líquida e corrente
no planeta.
"A viagem a Marte
ficou ainda mais fascinante", declarou a Nasa em conferência com o
diretor de ciências planetárias da Nasa, Jim Green, o chefe do Programa de
Exploração de Marte, Michael Meyer, entre outros pesquisadores da agência.
"Agora é possível que exista vida em Marte."
"Nossa missão em
Marte tem sido a de 'seguir a água', em nossa busca por vida no Universo. E
agora temos evidências convincentes que validam o que temos suspeitado por
muito tempo", disse o astronauta John Grunsfeld.
É um avanço
significativo, que confirma que a água, embora salgada, está fluindo hoje sobre
a superfície de Marte
John Grunsfeld
John Grunsfeld
O próximo passo é saber
da onde a água vem, ressaltaram os especialistas.
Imagens da sonda MRO,
que está em órbita do planeta vermelho, localizaram leitos de 100 metros de
comprimento (aproximadamente um campo de futebol) e menos de 5 metros de
largura. A hipótese inicial, publicada na revista
"Nature Geoscience", é de a água corre ali, nos
dias de hoje, e forma as estrias.
Os pesquisadores
apostam ainda que a água é salgada, porque já foram encontrados nas marcas
da cratera Hale sais hidratados, provavelmente uma mistura de perclorato
de magnésio, clorato de magnésio e perclorato de sódio.
Imagens de alta
resolução mostraram ainda que as estrias aparecem nas encostas da cratera durante
as estações quentes e alongam-se para, em seguida, desaparecerem durante
as estações mais frias. A variação de temperatura sugere que elas sejam
feitas por água líquida.
A grande novidade é que
o cientista Lujendra Ojha, especialista no assunto, e seus
colegas criaram um método para decifrar o espectro dos pixels das imagens
enviadas pela sonda e conseguiram comprovar que, em todos os locais examinados,
foi detectada a presença de sais minerais hidratados que precipitam da água.
Por outro lado, os sinais de sais não aparecem nos espectros do terreno ao
redor das estrias.
Eles concluíram,
portanto, que existe uma ligação entre as estrias e os sais depositados com o
fluxo de água salgada em Marte. "A detecção de sais hidratados sobre as
encostas [e não nos arredores] significa que a água desempenha um papel vital
na formação dessas estrias", disse Ojha.
Segundo a Nasa, o
próximo passo é mandar, em parceria com a Rússia, uma sonda para investigar o
interior de Marte, o que está marcado já para 2016. Em 2018, deve ir uma
sonda para análise da matéria orgânica. Em 2020, vai uma missão para coletar
amostras do que está escondido sob a superfície e para descobrir se é possível
enviar astronautas para o planeta.
Conhecido como o
planeta vermelho, Marte sempre despertou grande curiosidade e interesse nos
terráqueos, em parte por ser um dos planetas mais próximos da Terra com
possibilidade de ter tido vida em algum momento de sua história.
O planeta, que
leva este nome em homenagem ao deus romano da guerra, tem coloração
avermelhada por causa de uma alta concentração de óxido de ferro e,
teoricamente, por sua distância do Sol, seria muito gelado para conseguir
manter água na forma líquida em sua superfície.
No entanto, o
jipe-robô 'Curiosity' (na tradução do inglês, curiosidade), que busca
vestígios de vida no planeta, encontrou evidências contrárias: sais no solo
podem diminuir o ponto de congelamento da água, formando camadas de água super
salgada (salmoura).
Cientistas acreditam
que finas camadas de água se formam quando os sais no solo, chamados de
percloratos, absorvem vapor de água da atmosfera. A temperatura dessas camadas
líquidas seria de -70°C --muito frio para abrigar qualquer tipo de vida
microbiana da maneira que conhecemos.
Essas salmouras,
formadas nos 15 cm mais superficiais do solo marciano, também estariam
expostas a altos níveis de radiação cósmica --outra coisa que poderia ser
considerada um obstáculo para a existência de vida.
Mas ainda é possível
que organismos existam em algum lugar sob a superfície de Marte, onde as
condições são mais favoráveis.
Em março deste ano, um
artigo publicado na revista especializada "Science" por cientistas da
Nasa já anunciava que "em algum momento" existiu em Marte um oceano
tão extenso quanto o Ártico. O planeta era úmido e havia água o bastante
para cobrir completamente a superfície até uma profundidade de 137 metros.
Bilhões de anos atrás,
Marte, que não tem um campo magnético protetor global, perdeu grande parte de
sua atmosfera. Há várias iniciativas para determinar a quantidade de água do
planeta que desapareceu e quanto continua na forma de gelo nas reservas
subterrâneas.
Os pesquisadores
acreditam que a água provavelmente formava um oceano que cobria a metade
do hemisfério norte do planeta. A estimativa se baseia em observações muito
detalhadas sobre formas levemente distintas da água: a mais familiar, formada
por um átomo de oxigênio e dois de hidrógeno (H2O), e a água pesada, quando um
dos dois átomos de hidrogênio é substituído por deutério.
Fonte: BOL
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