Mais um escândalo marca
o resultado do carnaval amapaense. Dessa vez, dois áudios com graves acusações
de fraude envolvendo jurados e o presidente da Liga das Escolas de Samba do
Amapá (Liesap), Luiz Mota, o Geleia, pôs em xeque a divulgação das notas
atribuídas às dez agremiações carnavalescas.
O caso foi registrado
na 4ª Delegacia de Polícia de Macapá que, deve apurar ainda se uma das juradas
forjou o currículo apresentado à Liesap. Por esse motivo, em clima tenso, os
conselheiros da Liga decidiram ontem (15) suspender a homologação do resultado
dos desfiles que consagrou a escola Maracatu da Favela, ligada ao atual
presidente da Liga, como bicampeã do carnaval.
Uma comissão, presidida
pelo assessor jurídico da Liesap, Ronaldo Serra, e mais dois advogados da Ordem
dos Advogados do Brasil – Secção Amapá (OAB/AP) – que ainda serão definidos –
ficará responsável por apurar a veracidade das acusações e a autenticidade da
gravação num prazo de 30 dias.
Numa das conversas, uma
moça supostamente ligada à Escola de Samba Boêmios do Laguinho indaga uma das
juradas sobre orientações que teria recebido antes do desfile, por parte do
presidente da Liesap – que nega as acusações – para prejudicar as escolas
Piratas da Batucada, Embaixada de Samba Cidade de Macapá e Boêmios do Laguinho.
As suspeitas recaem
sobre Aline de Jesus Belém, jurada, cuja nota do quesito Evolução vem sendo
questionada por representantes das escolas que se sentiram prejudicadas.
Ela foi ouvida ontem
pelos conselheiros da Liesap, mas os argumentos dados não convenceram os
representantes das agremiações.
“Uma hora ela diz que reconhece a própria voz e em outro momento afirma que não disse alguma ou outra coisa na gravação”, suspeita o presidente da Embaixada de Samba Cidade de Macapá, Nilson Borges, que defende rigor durante as investigações.
“Uma hora ela diz que reconhece a própria voz e em outro momento afirma que não disse alguma ou outra coisa na gravação”, suspeita o presidente da Embaixada de Samba Cidade de Macapá, Nilson Borges, que defende rigor durante as investigações.
O dirigente questiona,
por exemplo, o fato de Aline ter dado à sua agremiação a nota mínima no quesito
Evolução. “A nota 8 é como se fosse 0. Não se pode avaliar a evolução de uma
escola, se ela não passa na avenida. Só se a agremiação entrou estática, sem
mover nada”, ironiza. “Ela deu zero pra três escolas. Isso é temeroso e, no
mínimo, tendencioso”, reclama.
Borges se mostra apreensivo com os rumos do carnaval amapaense. “Por mais que
se escolha um jurado local que tenha uma conduta ilibada, sempre vai pairar
aquela dúvida se continuará um julgamento duvidoso como o desse ano. Chegou ao
ponto de não sabermos de que forma teremos que desfilar na avenida para obter
os 10 pontos”.
Aline Belém também foi
acusada ontem por um professor do Centro de Ensino Superior do Amapá (Ceap),
onde teria se pós-graduado em Metodologia do Ensino da Educação Física e
Esporte, de ter mentido ao colocar essa informação no seu currículo apresentado
à Liesap. E que também não foi jurada em nenhum evento cultural da instituição,
como também foi informado em seu currículo.
Não é a primeira vez
que, meios escusos para se chegar ao resultado do carnaval amapaense, são
denunciados. Acusado de não prestar contas do carnaval 2012, o presidente da
antiga Liga das Escolas de Samba do Amapá (Liesa), Orles Braga, se defendeu das
acusações alegando ser vítima de golpistas que o procuraram para vender o
resultado do carnaval daquele ano. E por ter recusado, enfrentou oposição
dentro da própria instituição. Braga também disse ter provas que incriminam
vários integrantes da Liga por desvios de verba da entidade, entre outros
crimes. E prometeu entregá-las à Justiça.
Com o imbróglio
jurídico que se arrastou ao longo do ano passado em função da demora na
prestação de contas por parte de Orles Braga, a entidade foi desmembrada e
nasceu a Liesap, que já existia com outro nome desde 2005. As dez agremiações
carnavalescas migraram para a nova Liga, que ficou responsável pela organização
do carnaval 2013, sendo presidida por Geleia, cuja gestão, também está sob
suspeita.
O que também tem suscitado discussão na sociedade sobre a organização do
carnaval no Amapá, reforçando as suspeitas de fraude, é a ligação de dirigentes
da instituição com as agremiações.
Além do atual
presidente da Liesap ser ligado à escola Maracatu da Favela, que ficou em
primeiro lugar com 179,1 pts; o diretor-financeiro da instituição, Abimael
Perez também dirige a escola Piratas Estilizados, que ficou em segundo lugar
com 178,4; o diretor de carnaval Helton Jucá, é ligado à escola Piratas da
Batucada que ficou em quarto com 178,2 pts, atrás da escola Boêmios do Laguinho
que obteve 178,3 pts, cujo presidente é Vicente Cruz, que contestou na
justiça o resultado do carnaval 2010 por suspeita de fraude dos jurados,
momento em que todas as agremiações acabaram sendo proclamadas campeãs.
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