O artigo que trago hoje
é sobre uma discussão que afeta muitas profissões, o sexismo. A predileção de
um gênero sobre o outro( geralmente o masculino sobre o feminino) é algo que as
entidades representativas vem lutando pela igualdade de gêneros no mercado de
trabalho, igualdade de direitos e salarial.
Porem há uma profissão
que o sexismo e o inverso, o feminino em relação ao masculino. Existe dentro da
profissão setores muito resistentes ao ingresso dos homens na enfermagem, que
no Brasil ocorreu após a reforma universitária em 1968, em que a enfermagem foi
declarada uma profissão que poderia ser desempenhada por ambos os sexos.
Artigos que abordam a
inserção do gênero masculino na profissão são poucos e todos abordam que o
homem na enfermagem e visto com uma espécie de guindaste, isto é, são bem vindos
para os setores onde o trabalho braçal e mais intenso. Há setores como
obstetrícia/materno em que o enfermeiro – homem, não é bem vindo, a desculpa e
que as mulheres se sentiriam desconfortáveis com um homem a examinando.
Mas os médicos homens
podem ser obstetras, podem examinar essas mulheres sem preconceito, como pode?
O medico homem é uma “divindade” e por
tanto não há restrição deste profissional ao contrario do enfermeiro homem, que
não seria um profissional de saúde e sim meramente um homem?
Tive essa experiência ainda
na faculdade. Estava em estagio de materno-infantil e a professora pediu que os
alunos( estudantes homens) saíssem da sala para que as alunas pudessem examinar
uma paciente puérpera. Segundo a professora, a paciente poderia ficar constrangida
com nossa presença ( alunos homens). Mas quando o medico (homem) chegou na sala
não houve constrangimento algum.
O sexismo na enfermagem,
como visto ocorre ainda na faculdade em que ate os livros excluem o gênero
masculino como parte integrante da profissão. Um exemplo gritante vem do livro
mais utilizado pelos estudantes e profissionais da enfermagem, o “Tratado de Enfermagem Medico – Cirúrgica Brunner & Suddarth”.
O Livro que no Brasil
tem como revisoras técnicas as enfermeiras Drª Isabel Cristina Fonseca da Cruz,
Drª Ivone Evangelista Cabral e Márcia Tereza Luz Lisboa. No prefacio do livro a
uma nota da editora dizendo: “ Por opção
das revisoras técnicas, neste livro foi adotada a designação a enfermeira,
considerando a natureza histórica da profissão.”
Sendo que o livro vai além da designação a enfermeira, ele também exclui estudantes de enfermagem do
gênero masculino, onde há varias referencias como “as estudantes de enfermagem”.
A justificativa para
esse comportamento e que o cuidar, que é a premissa da enfermagem, é algo
inerente a mulher. Mas essa afirmativa tem tanto peso assim nos dias de hoje?
Prescrever um cuidado e
praticá-lo não é nenhuma atividade que possa tirar a virilidade de um homem,
alias não há nenhuma atividade na enfermagem que um homem não tenha condições
de exercê-la. No passado, por questões da forma de organização social os homens
trabalhavam, enquanto as mulheres tinham como atribuição cuidar dos filhos.
Com o advento da
revolução industrial, as mulheres passaram a trabalhar. Profissões que tinham
como foco o cuidar e ensinar eram as principais ocupações das mulheres, como exemplo
professoras do ensino básico.
Hoje as mulheres ainda encontram
resistência de seu ingresso em algumas áreas profissionais, ainda existe
diferença salarial mesmo ocupando o mesmo cargo que os homens, ou seja, ainda há
muita luta para tão sonhada igualdade entre homens e mulheres, mas ainda assim
podemos ver um grande progresso, hoje por exemplo vemos mulheres trabalhando
como motoristas de ônibus, de carretas!
Em canteiros de obras,
local majoritariamente masculino ate pela atividade braçal pesada que esta
atividade profissional exige, já vemos mulheres virando concreto.
Quanto à área da saúde não
é somente a enfermagem que possui maior quantitativo de mulheres na profissão,
estudos recentes apontam que nas faculdades com exceção do curso de medicina,
todos os demais cursos voltados para área da saúde são representados por estudantes
do sexo feminino.
E por falar em
medicina, esta profissão secular reduto masculino, hoje já não e mais um gueto de homens, as mulheres conseguiram vencer o preconceito mostraram igual competência.
Já a enfermagem parece que há uma situação contraria, onde algumas figuras
representativas da profissão acham que a enfermagem é uma exclusividade
feminina e o homem seria um intruso o qual sua presença poderia representar a
perda do que seria a única profissão onde o homem não manda.
No meu ponto de vista a
enfermagem deveria se abrir, tirar o preconceito e ver que o homem não e um
inimigo que vá tirar o “trono” das mulheres enfermeiras, a participação de
ambos os gêneros só fará a acrescentar na profissão, assim como vem ocorrendo
com o ingresso de mulheres em profissões ditas masculinas.
Não deveríamos seguir
pelo “Apartheid de gênero” e sim pela integração, não se faz uma sociedade igualitária
baseada no gênero, e sim na competência que o indivíduo apresenta.
Uma dica para as
revisoras técnicas do Brunner & Suddarth, se não querem usar o genro
masculino na designação da profissão por ser representada em sua maioria por
mulheres, pelo menos coloquem o artigo “o” antes de enfermeira, por exemplo a
(o) enfermeira (o), porque querendo ou não os homens estão ingressando na
profissão,não somente na enfermagem do Brasil, mas também em outras nações, e
da mesma forma que as mulheres merecem ganhar mais espaços no marcado de
trabalho, acredito que os homens também merecem!
Por Uanderson de Aquino
- Enfermeiro.
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