Com cerca de quatro mil
componentes e uma média de sete carros alegóricos cada vez mais
equipados com tecnologia de última geração, o desfile de uma escola de samba
consome, com facilidade, entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões de
reais. Não por acaso, as agremiações buscam cada vez mais patrocínios de
empresas privadas, já que, segundo o regulamento da competição, não há qualquer
tipo de restrição a isso. A regra diz, inclusive, que os jurados devem
desconsiderar qualquer inserção publicitária no enredo
Existe um esforço
enorme das escolas na tentativa de conseguir patrocínio. Hoje o subsídio
sozinho não consegue sustentar um carnaval", explica Marcelo Guedes,
professor da ESPM no Rio de Janeiro e especialista em marketing do carnaval.
"O valor da entrada das feijoadas e dos ensaios nas quadras não paga os
desfiles."
Carnavalesco da
Beija-Flor, Fran Sérgio diz que o patrocínio é sempre muito bem-vindo.
"95% das fantasias são doadas para a comunidade e isso tem um custo muito
alto, que só é possível graças ao patrocínio. É um dinheiro que vem para ajudar
o povo a entrar com mais alegria e emoção na avenida." Este ano, a escola
recebeu o apoio financeiro do governo de Guiné
Equatorial, país africano que
faz parte do enredo da agremiação.
Mas o assunto ainda
gera muita polêmica no meio carnavalesco. Um dos motivos é o fato de que nem
todas as escolas são patrocinadas e que nos últimos anos as escolas que tiveram
melhor desempenho foram justamente as que contaram com a injeção de milhões de
reais vindo de empresas.
Esta é uma das críticas
do vice-presidente da paulistana Vai-Vai, Edimar Tobias da Silva. "No Rio
de Janeiro, as empresas doam rios de dinheiro. Este ano não conseguimos nada.
Até porque a gente não aceita dinheiro de qualquer empresa. Não podemos
vincular uma marca tão forte, de 85 anos, a qualquer um."
Segundo Guedes, de fato
o carnaval do Rio tem uma exposição maior "por causa do tamanho do
impacto, do número de pessoas presentes, já que cabem muito mais pessoas na
Sapucaí do que no Anhembi, da tradição do carnaval carioca..." Mas ele dá
a dica: "Parto do princípio de que o patrocínio tem um retorno tão bom que
vale a pena investir nas duas praças, tanto no Rio como em São Paulo."
Eva Ng Kon Tia, gerente
de patrocínio da Nissan, confirma que o investimento no carnaval realmente vale
a pena. A empresa automotiva japonesa patrocinou o Salgueiro em 2014 por conta
do enredo relacionado à sustentabilidade e preservação ambiental: "Temas
diretamente ligados à Nissan. Era uma aposta. Queríamos ver o interesse das
pessoas", conta. E tudo deu tão certo que eles mantiveram o
patrocínio este ano.
A parceria em 2014, em
que o Salgueiro terminou como vice-campeão, ainda gerou um documentário,
"A Vida é uma Avenida", que traça paralelos entre os trabalhos feitos
pelas duas instituições. Este ano, em um dos ensaios técnicos realizados na
Sapucaí, além de lançar um novo veículo da marca, que só estará disponível para
venda a partir de março, uma frota de automóveis foi usada – com autorização da
organização do evento – para marcar o lugar entre as alas onde ficarão os
carros alegóricos da agremiação no dia do desfile.
Mesmo a Petrobras, que
vive sua melhor fase, continua a patrocinar as 12 escolas no Grupo Especial do
Rio de Janeiro. Cada uma receberá R$ 1 milão da empresa. "Além da
visibilidade da marca, o projeto está alinhado à diretriz do programa de
patrocínios da companhia de preservação do patrimônio imaterial, uma vez que o
samba tornou-se patrimônio histórico cultural pelo Iphan (Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em outubro de 2007", explica em
comunicado.
Guedes acredita
que o problema não é o patrocínio em si, mas a maneira como é colocado em
prática. "O mecanismo do patrocínio precisa ser repensado." Para ele,
ideal seria se as empresas patrocinassem as escolas sem a necessidade de
mostrar seu nome em alegorias, carros alegóricos ou fantasias durante o
desfile. "Se uma escola patrocinada é vencedora, a marca vai estar aliada
a um enorme sucesso. Vão continuar falando dela pelo menos por um ano",
exemplifica.
"E para isso acontecer,
é necessária a profissionalização do samba e uma gestão inteligente, que
priorize os valores da escola e não apenas obter lucro." Ele cita a
Portela de 2015 como um grande exemplo. "É uma escola que já entendeu a
necessidade de se profissionalizar. Além disso, apesar do patrocínio do projeto
Rio 450 Anos, a Portela vai colocar na avenida o Rio de Janeiro pela
visão de Salvador Dalí. É por isso que a escola tem tudo para ser a campeã
deste ano", acredita.
Ainda deve levar algum
tempo para que o patrocínio deixe de gerar polêmica e passe a ser visto com
bons olhos pelo mundo do carnaval. Mas no ritmo em que as coisas andam, fica
cada vez mais visível que, sem uma boa ajuda financeira, não há harmonia ou
bateria nota 10 que faça uma escola campeã.
Fonte: IG
"tobias da vai vai" Sempre vem um recalcado de São Paulo se intrometer onde não foi chamado, se as escolas de samba do Rio recebem"rios de dinheiro" e porque fizeram por merecer por todos esses anos. Querem dinheiro? façam por merecer!!!
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