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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Aprovado pelo Senado, Ato Médico terá impacto no SUS

Se sancionado pela presidente Dilma Rousseff da forma como aprovado pelo Congresso, o projeto de lei apelidado de Ato Médico deverá ter impacto na rede pública de saúde. E ele pode ser negativo, teme o Cofen (Conselho Federal de Enfermagem).

O texto foi aprovado no final da noite de terça-feira (18) pelo Senado e prevê a regulamentação da profissão do médico, estabelecendo atos que são privativos da categoria e outros que podem ser realizados por outros profissionais.

Para o Cofen, atos praticados cotidianamente pela enfermagem na rede pública de saúde passarão a ser proibidos. Por exemplo, o diagnóstico de doenças como hanseníase, malária, DSTs, tuberculose e a prescrição de medicamentos para tratá-las --sempre seguindo protocolos de atendimento do Ministério da Saúde.

"Pedir exames para gestante, por exemplo. A maior parte quem faz é o enfermeiro. Como vai ser isso? E o acompanhamento dos pacientes com hanseníase, tuberculose, Aids? O próprio Ministério da Saúde dá curso para os enfermeiros fazerem o diagnóstico onde não há médico", protesta Amaury Gonzaga, do Cofen.

Gonzaga acredita, ainda, que o Ato Médico impedirá que a acupuntura seja praticada por não médicos, ao definir que é ato privativo do médico a invasão da pele para punção, entre outros procedimentos.

"O que o projeto quer dizer? Só quem pode mexer da pele para baixo é o médico. Faço acupuntura há 26 anos no SUS", diz o enfermeiro. Gonzaga diz que buscará a Justiça, de forma preventiva, para garantir a continuidade do seu trabalho, caso o texto seja sancionado por Dilma.
Para o Cofen, haverá muita judicialização, que pode abarcar inclusive os direitos de enfermeiras realizarem o parto normal.

O CFP (Conselho Federal de Psicologia) também vê prejuízos para a categoria. Humberto Verona, presidente da entidade, entende que o Ato Médico impede que psicólogos identifiquem sintomas de doenças como depressão e transtornos.

"Por exemplo, num quadro depressivo há uma série de alterações no funcionamento da pessoa. No diagnóstico psicológico, o psicólogo não vai poder falar dessas alterações, porque seria fazer um diagnóstico. Como um profissional não vai poder fazer o nexo com o transtorno?", diz.
Para respaldar a categoria, o CFP pretende editar uma resolução definindo os termos do diagnóstico psicológico --como feito hoje, antes da sanção do Ato Médico.

Questionado sobre os impactos do projeto nos programas públicos de saúde, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) afirmou que sua pasta inda precisa analisar o texto final aprovado pelo Congresso --ainda não disponibilizado.

"O governo vai analisar o texto final aprovado de forma que se valorize a profissão médica. Mas é muito importante manter o conceito de equipes multiprofissionais. Todos nós aprendemos, ao longo dos anos, a importância de uma equipe multiprofissional. Áreas como nutrição, psicologia, fisioterapia, terapia ocupacional, enfermeiros têm um papel muito grande no cuidado com o paciente", disse o ministro nesta quarta-feira (19).

Segundo a Folha apurou, ainda não há clareza no governo sobre os impactos do projeto e a eventual necessidade de vetos pela presidente Dilma Rousseff.

O próprio CFM (Conselho Federal de Medicina), que respalda o Ato Médico, entende que haverá mudanças da rede pública de saúde, com a necessidade da presença de médicos nas equipes, para que façam o primeiro diagnóstico e a prescrição dos medicamentos.

"Hanseníase, tuberculose, hipertensão são todos programas que devem ser cuidados por uma equipe. Defendemos o que a lei agora prevê: que o diagnóstico e a prescrição sejam feitos inicialmente pelo médico. Mas o enfermeiro pode repetir os remédios prescritos e pedir exames", defendeu Roberto D'Ávila, presidente do CFM.

O conselho garante que o texto não abarca a realização de acupuntura ou tatuagem e diz que, em casos de emergência, outros profissionais devem oferecer os cuidados ao paciente --o que não retiraria do gestor uma eventual responsabilização, aponta a entidade.

"Não vai haver uma caça às bruxas", diz D'Ávila. "Mas vamos exigir que toda equipe tenha um médico."

O conselho afirma que pretende reunir os demais conselhos profissionais para discutir o cenário da saúde.

Fonte: Folha de São Paulo

Opinião

Como diz a matéria, o projeto do Ato Medico tramitava no congresso a mais de uma década. Apesar de sua importância no que tange a regulamentação da medicina, o projeto causa polemica uma vez que impactará principalmente a saúde publica.

Programas como hipertensão, diabetes, tuberculose e hanseníase, que os enfermeiros estão aptos e autorizados pelo ministério da saúde a fazer o diagnostico e instituir o tratamento medicamentoso, que faz parte do protocolo do próprio ministério da saúde para controle e combate das doenças chamadas “negligenciadas”, onde a malaria também faz parte desses protocolos onde o enfermeiro esta inserido.

Uma vez que o diagnostico e tratamento terapêutico passa a ser exclusivamente medico, esses protocolos passam a não mais existir, pois o enfermeiro pode ser processado por exercício ilegal da medicina.

Sei que muitos irão dizer: Se o cara quer trabalhar como medico, então faça medicina!. Acontece que muitos profissionais que escolhem ser enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, etc.. escolherem esta profissão porque se identificaram como tal, nem todo enfermeiro e na verdade um candidato de medicina frustrado, isso e pensamento mesquinho e preconceituoso.

Em vários Países do mundo, principalmente em nações pobres e emergentes, onde o atendimento medico e precário, os enfermeiros são profissionais chaves no controle de doenças em rede básica. A pouco tempo o jornais noticiaram que na Índia o uso do vinagre no exame de colo uterino por enfermeiros tem ajudado na redução da morbimortalidade desse tipo de câncer, ou seja a presença dos enfermeiros nesses programas de doenças negligenciadas e com foco nas áreas mais pobres não é coisa de Brasil, coisa de Pais que quer jogar nas mão de profissionais não capacitados ao invés de médicos.

Acredito que nenhum profissional, não medico quer para si responsabilidade de coisas que não aprenderam na faculdade, que não faz parte de seus cursos, pois ao invés de outras áreas, na saúde o erro pode custar a vida do paciente. O Ato medico é importante, mas acho que tão importante também e a conscientização dos médicos que o trabalho multiprofissional e importante, da mesma forma que todo enfermeiro um dia vai precisar de cuidados médicos, os médicos também um dia precisarão dos cuidados das equipes de enfermagem.

Por Uanderson

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