Uma das táticas da ciência para chegar à cura de uma doença é olhar para o presente, realizar vários testes e, finalmente, encontrar uma solução eficaz. Mas algumas enfermidades, por sua complexidade, estão levando os cientistas a buscar na história informações que possam auxiliar na criação de tratamentos mais efetivos. É por isso que nos últimos anos diversos pesquisadores têm orquestrado o trabalho árduo de levar ao hospital centenas de múmias guardadas em museus. De posse das imagens obtidas por aparelhos de alta resolução e o estudo de registros antropológicos, eles tiram conclusões sobre como se originaram e se desenvolveram algumas dessas enfermidades.
Um dos estudos investigou em 52 múmias a prevalência da aterosclerose, doença caracterizada pelo acúmulo de gordura dentro dos vasos sanguíneos, responsável hoje pela morte de 23% da população mundial. A pesquisa, feita pela Universidade da Califórnia (EUA) em parceria com a Universidade Al Azhar (Egito), encontrou vestígios de calcificação, processo precursor da doença, em 44 indivíduos. A enfermidade foi uma das causas da morte da princesa Ísis, neta de Ramsés II, um dos mais influentes faraós no antigo Egito. O curioso é que os registros indicam que a alimentação da elite egípcia era rica em vegetais e frutas e pobre em carnes gordurosas. Alimentos com gordura trans eram inexistentes e a sociedade era considerada ativa. Ou seja, esses indivíduos não estavam sujeitos ao que hoje se conhece como os principais fatores de risco para a doença.
Por causa desse achado, os cientistas acreditam que o foco atual no combate a fatores de risco como a obesidade e o sedentarismo pode estar fechando os olhos da ciência para outras ameaças importantes. “Há outros fatores de risco também ligados à aterosclerose”, disse à ISTOÉ Gregory Thomas, da Universidade da Califórnia, um dos autores do estudo. “A elite egípcia estava rodeada de parasitas. Eles certamente estão na origem da inflamação que hoje sabemos estar associada à doença.” Além disso, a aterosclerose tem raízes genéticas mapeadas desde os anos 1970. “Foram identificadas as principais variações a ela relacionadas”, explica Ricardo Pavanello, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
Um dos estudos investigou em 52 múmias a prevalência da aterosclerose, doença caracterizada pelo acúmulo de gordura dentro dos vasos sanguíneos, responsável hoje pela morte de 23% da população mundial. A pesquisa, feita pela Universidade da Califórnia (EUA) em parceria com a Universidade Al Azhar (Egito), encontrou vestígios de calcificação, processo precursor da doença, em 44 indivíduos. A enfermidade foi uma das causas da morte da princesa Ísis, neta de Ramsés II, um dos mais influentes faraós no antigo Egito. O curioso é que os registros indicam que a alimentação da elite egípcia era rica em vegetais e frutas e pobre em carnes gordurosas. Alimentos com gordura trans eram inexistentes e a sociedade era considerada ativa. Ou seja, esses indivíduos não estavam sujeitos ao que hoje se conhece como os principais fatores de risco para a doença.
Por causa desse achado, os cientistas acreditam que o foco atual no combate a fatores de risco como a obesidade e o sedentarismo pode estar fechando os olhos da ciência para outras ameaças importantes. “Há outros fatores de risco também ligados à aterosclerose”, disse à ISTOÉ Gregory Thomas, da Universidade da Califórnia, um dos autores do estudo. “A elite egípcia estava rodeada de parasitas. Eles certamente estão na origem da inflamação que hoje sabemos estar associada à doença.” Além disso, a aterosclerose tem raízes genéticas mapeadas desde os anos 1970. “Foram identificadas as principais variações a ela relacionadas”, explica Ricardo Pavanello, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
Na contramão da alta prevalência das doenças coronárias, os cientistas Rosalie David, da Universidade de Manchester (Reino Unido), e Michael Zimmerman, da Universidade da Pensilvânia (EUA), encontraram baixa incidência do câncer entre as múmias. Eles analisaram centenas de amostras de tecido de exemplares do antigo Egito e encontraram sinais de células tumorais em apenas uma delas. Os cientistas creem que o resultado indica que o câncer é uma doença moderna, causada pela exposição a agentes capazes de provocar mutações celulares e mais abundantes após a industrialização. “O estudo não nos dá uma amostra estatística significativa, mas certamente o câncer é uma doença que avançou com o envelhecimento da população e o desenvolvimento das cidades”, disse Carlos Gil, coordenador de pesquisas do Instituto Nacional do Câncer.
Outro trabalho importante foi realizado em uma múmia encontrada na Coreia do Sul. Como seus órgãos estavam preservados, os cientistas conseguiram mapear o genoma do vírus da hepatite B – o que rendeu ao estudo o feito de localizar o vírus mais antigo que se tem registro. Ao comparar o vírus da múmia com a forma atual, os pesquisadores identificaram as mutações pelas quais passou o micro-organismo.
A hepatite B, que afeta 400 milhões de pessoas no mundo, prejudica o funcionamento das células do fígado. A manifestação crônica da doença – na forma de cirrose ou carcinoma (câncer de origem hepática) – se estabelece quando o sistema imunológico não consegue combater as células infectadas porque o vírus se tornou altamente mutagênico. “Essas mutações também são a principal razão de alguns tratamentos deixarem de funcionar”, disse à ISTOÉ Dong Hoon Shin, da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, coordenador do trabalho. “Esperamos que o estudo do vírus antigo nos ajude a entender como essas transformações ocorrem e nos leve à criação de melhores terapias.”
Outro trabalho importante foi realizado em uma múmia encontrada na Coreia do Sul. Como seus órgãos estavam preservados, os cientistas conseguiram mapear o genoma do vírus da hepatite B – o que rendeu ao estudo o feito de localizar o vírus mais antigo que se tem registro. Ao comparar o vírus da múmia com a forma atual, os pesquisadores identificaram as mutações pelas quais passou o micro-organismo.
A hepatite B, que afeta 400 milhões de pessoas no mundo, prejudica o funcionamento das células do fígado. A manifestação crônica da doença – na forma de cirrose ou carcinoma (câncer de origem hepática) – se estabelece quando o sistema imunológico não consegue combater as células infectadas porque o vírus se tornou altamente mutagênico. “Essas mutações também são a principal razão de alguns tratamentos deixarem de funcionar”, disse à ISTOÉ Dong Hoon Shin, da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, coordenador do trabalho. “Esperamos que o estudo do vírus antigo nos ajude a entender como essas transformações ocorrem e nos leve à criação de melhores terapias.”
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