Rio de Janeiro - Brasil

domingo, 18 de março de 2012

GLOBO PARA PRESIDENTE



Navegando pela net, encontrei esse artigo da jornalista Leila Cordeiro de 2007. O artigo aborda uma situação interessante no Brasil onde a TV Globo exerce influência em todos os setores que se possa imaginar e de certa forma, onde a emissora “põe a mão” funciona, logicamente dentro de seus interesses.
O titulo do artigo e bem interessante pois realmente já que a Globo “resolve” bem que poderá ser eleita presidente da republica, talvez assim a Copa não virasse mico, afinal a emissora investiu milhões pela exclusividade, e garanto que moveria “seus pauzinhos” para tudo funcionar, assim como faz para tudo que é de seu interesse. Abaixo o artigo que ainda é bem atual:

“GLOBO PARA PRESIDENTE
                                                                     Publicado em 18/02/2007

Quando a TV Globo surgiu, nos anos sessenta, a referência de poder da emissora eram o americano Joe Wallach e o grupo Time Life . Depois vieram outros mitos como Walter Clark, José Bonifácio, Marluce... Em 40 anos, a Globo cresceu tanto e tornou-se tão poderosa que hoje o Brasil pode ser chamado de "cidade cenográfica" da Globo.

Todos os segmentos da sociedade brasileira são, de alguma maneira dependentes dela. No quesito social, ela realiza anualmente o Criança Esperança, quando seus profissionais se vestem com a camiseta do evento e pedem a ajuda da população através de doações telefônicas, onde o doador ainda tem que pagar pela ligação. A prestação de contas mostra alguns orfanatos com as crianças limpinhas e bem vestidinhas sorrindo para as cameras da TV. Mas pelo tempo que o evento é realizado (mais de 20 anos), os resultados são nada animadores, pois a miséria só fez aumentar nessas duas últimas décadas.

A Band que era a emissora que priorizava o esporte em sua programação viu seu reinado ser devidamente destruído pelo rolo compressor da Globo, que foi comendo pelas beiradinhas. Hoje a emissora dos Marinho é dona de tudo, da Copa do mundo, da Fórmula um, de todos os campeonatos de futebol, do esporte amador. E agora no Pan 2007, no Rio, sede de seu quartel-general, sabe-se lá o que vai aprontar!

Os quatro dias de Momo já passaram a ser os quatro dias da Globo. Houve um tempo em que a Manchete chegou a incomodar, dividindo a preferência do telespectador. A Manchete acabou e o domínio da Globo passou a ser absoluto. Além da exclusividade do desfile do Rio, a emissora resolveu dar uma forcinha para o carnaval de São Paulo. De olho no mercado publicitário, claro. E o pobre desfile das escolas de Sampa ganhou o luxo e a riqueza do desfile carioca, com a importação do know how dos barracões das escolas do Rio e a presença dos artistas globais.

A Band, sem chance de participar do festim dos sambódromos do Rio e São Paulo, adotou há muito tempo o carnaval alternativo, dedicando-se a transmitir os desfiles de blocos, afoxés e trios elétricos de Salvador, Recife e Olinda. Mas a Globo percebeu o filão e aumenta a cada ano sua cobertura do carnaval do nordeste. Vamos ver até quando a Band resiste.

Na área específica de mídia, a Globo ocupa todos os espaços. Além de radios, Tvs, jornais e revistas, o grupo avança no mercado editorial de livros, na produção de filmes e, o que é mais estranho, ela possui uma distribuidora de canais a cabo e é ao mesmo tempo beneficiária, coisa proibida em países mais avançados como os EUA. Além disso, envia seu sinal para dezenas de países através de satélite próprio.

Porém, o mais curioso, é que a Globo consegue através de suas novelas pautar os assuntos que o país vai discutir. É o caso atual da Síndrome de Down, um dos temas da novela Páginas da Vida. Esse é um assunto que nunca interessou de perto aos nossos politicos, até porque os dividendos eleitorais são poucos.
Mas a partir do momento em que a novela priorizou o assunto, a mobilização dos governantes e mesmo da população cresceu. E os portadores daquela deficiência genética que antigamente eram chamados de “mongolóides” hoje são respeitados, graças ao trabalho da pequena Joana Mocarzel que vive a personagem Clara, que a Globo já resolveu transformar em boneca que será vendida em todo Brasil.

Por essas e por outras, meus caros, e como ela já tomou conta de tudo mesmo, é que nas próximas eleições vamos eleger a Globo para presidente. Quem sabe no horário nobre, campeão de audiência, ela não apresente uma novela que solucione de uma vez os graves problemas sociais brasileiros como a violência e a injusta distribuição de renda?

Em tempo: Acabo de saber que a CNBB decidiu dar à Globo a exclusividade da transmissão da visita do Papa ao Brasil, com base em “sua experiência e alto poder tecnológico”.
Por
Leila Cordeiro
Fonte: diretodaredação.com

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